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Mães mais que [im]perfeitas

Como falar com os filhos sobre sexualidade.

A semana passada, a pergunta da Mula, deu o mote. 

Se falar sobre sexualidade, de uma forma em geral pode ser complicado e facilmente se transforma num cliché de ideias preconcebidas, falar de sexualidade com os filhos pode ser - e é, muitas vezes - mais complicado do que aquilo que se imagina.

Para título de saída, recordo-me perfeitamente do dia em que uma das minhas irmãs me perguntou "por onde nasciam os bebés". Na altura, com 18 anos acabados de fazer, tomei a mim o peso da responsabilidade de lhe explicar tudinho. Afinal, ela já tinha 4 anos! Estava na altura de ser iniciada naquelas temáticas.

Com amor, carinho e alguma leveza, expliquei-lhe a história da sementinha. Depois de muito me esforçar, ela remata "não, não, os bebés não nascem por onde tu dizes... nascem pelo umbigo!"

Fiquei desconcertada! Não podia ser!! Depois de tanto tempo a esmerar-me naquela explicação científica, ela dava cabo da minha lógica. Decidi então, confrontá-la "então, os homens também têm umbigo! e não têm bebés! não pode ser pelo umbigo!". Ela pensou um pouco e fez-me um k.o. "o das senhoras está aberto e o dos senhores fechado". 

 

Esta pequena história sumaria o problema de falar sobre sexualidade com os filhos: primeiro, temos que saber qual a quantidade ideal de informação e especificidade da mesma; segundo, temos que acautelar quais as concepções que eles próprios já formaram!

A minha irmã queria apenas a confirmação de que o umbigo estaria envolvido no nascimento das crianças. Ir além disso, foi sobreinformação e claramente não surtiu qualquer efeito. Bastaria ter percebido onde é que ela queria chegar e ter conseguido sustentar o seu sistema de crenças, de forma a ir ao encontro da realidade.

 

Comecemos então, a desbravar este caminho!

 

Há uma idade óptima para falar de sexualidade?

A resposta a esta questão vai depender muito da corrente de pensamento. Eu acredito numa educação sexualizada, em que falamos abertamente de tudo o que envolve a sexualidade: emoções, relações, proximidade física, riscos, etc. Desta forma, não podemos falar de uma idade específica. 

Por exemplo, a partir dos 3 anos, as crianças devem ter uma ideia mais estável da constituição do corpo humano e como tal, falar sobre o sistema reprodutor faz parte desse tema. 

A perspectiva subjacente à educação sexualizada é naturalização dessa componente humana, de forma a que não tenham que existir idades, ou metas, a alcançar... Se o desenvolvimento pessoal e social do ser humano é contínuo, também a sua sexualidade o é.

 

Como abordar a temática?

Abordar o tema é algo complexo e está dependente da idade da criança. 

Em crianças até aos 6 anos, em que o seu estadio mental ainda tem um forte componente fantasiosa, devemos sempre acautelar quais são as expectativas da criança.

Note-se que em momento algum devemos mentir. Nada de inventar histórias da cegonha, do repolho, ou outro sítio qualquer estranho de onde possam vir os bebés!

Devemos escutar a questão e, por norma, uma boa estratégia é devolver a pergunta à criança! Quem não sabe, não pergunta, e se a pergunta surge é porque alguma coisa ela sabe. 

Depois devemos explorar a veracidade da resposta que nos é dada. Utilizando o exemplo do umbigo, poderia ter dito que efectivamente os bebés nascem através de um orifício, algo parecido a um umbigo, dando oportunidade à criança de permanecer com a sua fantasia e simultaneamente, mostrando que há outras opções à resposta que ela mesma fornece. Quando estiver preparada, ela própria irá explorar as outras respostas possíveis!

Dos 6/7 anos até à puberdade, a mente das crianças passa a ser muito concreta. Nesta fase, ajudá-los a explorar de forma sistemática o sistema reprodutor, mas também, o tipo de resposta adequada às diferentes expressões emocionais é muito adequado. 

Nesta altura, é extremamente importante compreender se a criança é capaz de descrever as suas emoções e sentimentos, as relações que estabelece com os amigos, a forma como se relaciona com eles. Serão uma boa base para as vias de comunicação sobre os amigos, para a futura adolescência que se avizinha, mas também para os ajudar a compreender melhor as suas acções e as acções dos outros. Nesta fase ainda é complicado colocarem-se no lugar do amigo, e esse papel deve ser feito com os pais.

A partir da puberdade e adolescência, o interesse pelo sexo, per se, aumenta. Nesta fase, falar sobre sexo com os filhos deverá tornar-se um pouco mais complicado.

Os pais deverão manter uma postura aberta, coadunante com a que tiveram até então. Isto quer dizer que no dia em que eles fazem 14 anos, não devemos começar a falar de sexo desenfreadamente - especialmente se nunca o fizemos anteriormente. 

Para os pais cujos canais de comunicação foram construídos anteriormente, será apenas uma evolução e aprofundamento do tema.

Para os pais que têm mais dificuldade em falar sobre o tema, poderá ser um salto sem rede de um precipício bem alto!

De maneira a contornar o desconforto, podemos sempre sugerir:

1. Utilizar os termos correctos e formais do corpo humano. A infantilização dos nomes dos genitais, por exemplo, ou a utilização de vernáculo pode ridicularizar a temática e tornar o acesso à mesma mais difícil.

2. Estar atento aos sinais que o próprio adolescente vai fornecendo. Se está mais próximo de um determinado amigo ou amiga, se tem comportamentos de maior reclusão, como fechar a porta do quarto, procurar conteúdos sexuais na internet ou simplesmente demonstrar algum tipo de interesse nesse campo.

3. Utilizar um livro, um artigo de jornal ou um filme como ponto de partida. Ajuda a quebrar as barreiras e podem sempre falar sobre o filme e os seus protagonistas sem falar directamente da vida dos adolescentes.

4. Manter uma mente aberta. Não fazer julgamentos de valor. Tentar dominar tendência para gozar, diminuir ou discriminar as questões, preocupações e vontades do adolescente.

5. Não nos cingirmos apenas aos aspectos negativos do sexo. Falar dos riscos é de suma importância, mas é talvez o mais fácil. A verdade é que a sexualidade é uma parte importante da vida do ser humano, independentemente da forma que escolhemos vivê-la, e devemos falar dos afectos, das escolhas, das relações e de tudo o que de bom o sexo nos pode trazer (prazer, intimidade, satisfação).

6. Ajudar a distinguir a realidade da fantasia. Querermos acreditar que os nossos filhos não vão explorar conteúdos sexualmente explícitos é uma fantasia da nossa parte. Mais tarde ou mais cedo a curiosidade doa próprios ou dos amigos, conduzirá a essa descoberta. Devemos ajudá-los a destrinçar entre o que é real e o que é apenas fantasia. 

7. Estimular a autoestima. Um adolescente que goste de si mesmo, que tenha uma boa valorização de si, está menos propenso a riscos. Falar de sexualidade também é isto: fomentar uma boa autoestima, a capacidade de resistir à pressão dos pares, de dizer que não ao que não quer ou não gosta.

 

Temos noção que muito mais haveria a dizer e seguramente será um tema que iremos revisitar.

Ficamos à espera das vossas questões e comentários para nós ajudarem a enriquecer a temática.

 

 

A mãe que (também) tem sexo, responde

Depois da semana passada termos aberto as hostilidades com as vantagens em falarmos de sexo, especialmente com os nossos parceiros, esta semana vamos responder a uma questão (ou várias) que nos é endereçada pela nossa querida Mula.

Até que ponto é que os pais devem esconder totalmente o sexo dos filhos e parecerem assexuados aos olhos dos filhos? Sim... porque lembro-me bem que me arrepiava a ideia de que os meus pais poderiam ainda ter sexo, mas a verdade é que eu vim ao mundo... Por que será que o sexo dos pais incomoda tanto os filhos?

 

A sexualidade tem uma componente social. Nessa componente, encerram-se as regras, as crenças, as formas de avaliar socialmente o acto sexual e o peso que este tem na estrutura social. É neste campo que encontramos talvez a resposta mais satisfatória para a questão colocada.

 

A nossa sociedade ocidentalizada tem um enfoque patriarcal, em que o homem ocupa o papel central da sociedade. Apesar de as normas sociais estarem a alterar-se, ainda residem resquícios dessa mentalidade focada no homem. Por norma, as sociedades patriarcais têm uma moral sexual mais reprimida, por oposição ao que se conhece das sociedades matriarcais. 

Particularmente, na nossa sociedade, acresce a moral sexual de influência judaico-cristã, fortemente enraizada nos nossos comportamentos. Desde o momento em Deus expulsou Adão e Eva do Paraíso, por a mulher ter conduzido o homem ao pecado original, ao facto de Maria ter concebido sem pecado, rapidamente se percebe que o sexo é entendido como algo pecaminoso. 

A representação social do sexo ainda guarda muitos aspectos de avaliação negativa, ligados à natureza criminosa do comportamento humano, às tendências desviantes e às doenças que lhe estão associadas. A parte dedicada à exploração da sexualidade de forma equilibrada é ainda muito pequena, pouco difundida e relativamente homogénea no que toca às áreas em que pode ser "falada": intimidade do casal e reprodução.

Esta cultura de pecado, de erro, a par de uma santificação da paternidade, faz com que nos seja complicado encarar a natureza sexual das relações dos nossos progenitores. 

Na verdade, até a nossa sexualidade é difícil de aceitar! Muitas vezes, sentimos vergonha dos nossos impulsos, dos nossos desejos, das nossas fantasias, ao ponto de reprimirmos a resposta sexual, conduzindo a situações extremas de falta de desejo, dificuldade em atingir o orgasmo, ou até mesmo de nos envolvermos completamente na expressão da sexualidade.

Como reflexo desta cultura de pecado, os nossos pais não nos educaram para encaramos a sexualidade como algo natural. Aliás, até há 50 anos, o diálogo sobre sexualidade era inexistente nas famílias. Hoje em dia, considera-se que a educação deve ser sexualizada, tendo os pais como primeiros educadores, contudo há uma despreparação geral para o fazer livre de preconceitos e noções pecaminosas.

Portanto, parece-me que nos esperam ainda muitos anos em que os nossos filhos terão alguma dificuldade em aceitar os pais como seres sexuados. É mais simples imaginá-los assexuados, do que ter que lidar com as expressões de carinho, proximidade e intimidade que possam ter. 

 

Respondendo mais directamente, não devemos parecer assexuados aos nossos filhos. Contudo, essa noção é totalmente diferente de os expôr à nossa expressão da sexualidade. É importante que percebam que os pais têm um relacionamento completo, íntimo e que têm o seu espaço privado. O sexo deverá ser inserido nessa esfera. O mais difícil talvez seja encontrar o equilíbrio entre manter um diálogo aberto sobre o tema com os filhos, de forma a que compreendam que é um comportamento normal do ser humano, ao invés de o mascararmos com conceitos relacionados com o fruto proibido, o pecado, o erro, o sujo, etc. Será através da educação que conseguiremos naturalizar e tornar o sexo um domínio de partilha familiar. Isso trará uma imagem mais adequada dos pais enquanto seres sexuados e será também uma forma de protecção para os jovens, no que toca à adopção de comportamentos sexuais seguros e equilibrados.

 

Mas como fazê-lo?

 

Não percam a resposta na próxima semana... Como falar de sexo com os nossos filhos.

 

 

Os meus partos... Pela Fatia: #1

Como sabem, sou um bolinho que se fatia muito! Portanto, só à minha parte tenho três experiências de parto para partilhar convosco.

Não é que eu ache que contar estas experiências sirva de muito! Aliás, sempre considerei um abuso o tentarem impingir-me histórias terríficas sobre partos enquanto estive grávida. Se na primeira gravidez, as descrições me deixavam em pânico, na última confesso que me divertiam como se estivesse a ver um filme de terror de baixo orçamento e pouca qualidade. 

No entanto, as minhas experiências foram, em média, boas! Mas já lá vamos...

Nestas coisas, nada como começar pelo primeiro, não é verdade?

 

Durante a gravidez da Fatia#1 tive contracções desde as 20 semanas. Às 36 semanas cheguei a estar internada com o que se veio a revelar um falso trabalho de parto. Porém, no dia 31 de Julho tudo mudou! 

Acordei pela hora normal, com as contracções como tinha sentido até então. Estava de 39 semanas e 2 dias e era o meu primeiro dia de férias. Fui tomar banho e decidi ir beber um café com a minha mãe ao centro comercial que ficava a 2 minutos da minha casa. Nesse dia, decidimos ir a pé porque íamos só mesmo dar uma volta.

Assim que lá chego, notei que havia qualquer coisa de diferente nas contracções.

 

(Adianto já, em jeito de spoiler, que senti sempre o mesmo em todos os partos, apesar de não saber explicar bem o que é que muda)

 

Tomamos café e fui vigiando as contracções, que continuavam completamente irregulares e de intensidade variável. Mas a sensação estava lá. Resolvi voltar para casa e ligar ao Fatiasmén para vir almoçar a casa. 

Almoçamos (seria uma romântica se ainda me lembrasse do que fora a ementa, mas só tenho ideia de serem restos do jantar do dia anterior) e saímos para o Hospital.

Entrámos, fizemos a admissão e subi para a maternidade. 

 

Fui chamada para a triagem. Fizeram-me o CTG que acusava contracções irregulares. Outro falso alarme, pensei eu para os meus botões. Entretanto, sou chamada pela médica para fazer o toque e ver o estado do colo do útero. E aqui processou-se algo que, se fosse hoje, não teria ocorrido. A médica achou, na sua sapiência, que deveria fazer-me um descolamento das membranas. Fê-lo sem me avisar, sem me perguntar se queria ou se sequer se podia. 

Rapidamente as dores aumentaram, as contracções tornaram-se regulares e estava em trabalho de parto activo. No fim, a médica ainda teve a ousadia de me dizer que lhe devia agradecer, que agora já estava em trabalho de parto.

Ainda meio abananada das dores, fui levada pela enfermeira para me colocarem o cateter no braço. Mais uma vez, sem me informarem, colocaram-me oxitocina. 

Em menos de 5 minutos as contracções eram regularíssimas, fortíssimas e seguidíssimas. A enfermeira tentou consolar-me, mandou-me para o bloco de partos e começou a aventura!

Deviam ser umas 16h, eu já estava com 2 para 3 dedos de dilatação e a sofrer horrores. 

 

Quando vi aparecer o anestesista na sala de partos, pensei que estava a ver Deus na Terra! Oh Santa Epidural... Adormeceu-me as dores, a barriga e as pernas. Passado um pouco, já não sentia nada... E que maravilha!

Deu para dormir, rir, conversarmos. O meu marido acabou por ir jantar por volta das 20h e voltar com toda a tranquilidade. Quando a dose terminava, vinham e colocavam outra no difusor. 

 À meia noite troca o turno... e eu ainda lá estou... 4 dedos! No turno, entra uma ex-colega minha de secundário! Que alegria ver uma cara conhecida, naquele momento. 

Veio ver-me por volta da uma da manhã... 4 dedos! Mas as águas já tinham rebentado. Diz-me ela, já cá volto que isto parece que ainda está demorado

 

Comecei então a sentir uma dor na perna esquerda, que até então estava totalmente dormente. Não pensei muito no assunto... Não sentia contracções nenhumas, não sentia a barriga, nem me apercebi de nada.

Quando a minha amiga entra no quarto para me fazer o toque novamente, já a Fatia#1 estava a coroar!

Vai nascer! Faz força Fatia! Faz força na contracção!

- Mas qual contracção?

A epidural, demasiado eficaz, não me ajudou neste momento. Não sentia nada, não sabia quando fazer força... aliás nem conseguia fazer força.

Com a ajuda das enfermeiras, das auxiliares, da médica interna, tudo pendurado em cima de mim, lá conseguimos fazer com a miúda saísse a voar daqui para fora!

 

Eram quase duas da manhã e finalmente a Fatia#1 tinha nascido. 

 

Precisei apenas de levar alguns pontos, nada de especial, e tudo superficial. 

 

Ao fim de algumas horas, quando o efeito da analgesia começou a passar, comecei a sentir umas dores horrorosas. Não obstante, os mamilos já estarem em sangue, sempre que a miúda ia à mama, eu quase que desmaiava com dores. Pensei o pior... Chamei as enfermeiras e descobri que afinal eram apenas dores tortas!

A involução do útero à sua dimensão normal, pelos vistos, não é sentido pela maioria das mulheres no seu primeiro parto... Claro que a fava tinha que me calhar a mim ou não fosse eu um bolinho, não é verdade?

 

E assim foi... A minha primeira experiência de parto! Cerca de 12h de trabalho de parto para nascer a minha (primeira) princesa!

 

(to be continued - ahahahah)

 

A mãe (também) tem sexo

Desde o princípio dos tempos, o substantivo feminino comum "mãe" é assexuado. 

 

Não obstante perdermos a nossa identidade pessoal - ao sermos insistentemente chamadas de "mãe" nas escolas, centros de saúde e outros organismos públicos e privados - somos impelidas a corresponder a uma imagem santificada e assexuada quando entramos nos meandros da maternidade.

 

Porém, a verdade é que foi o sexo nos trouxe aqui e será o sexo que nos retirará deste papel, mais absorvente que o rolo de cozinha!

 

Nesta rubrica, A mãe (também) tem sexo, pretendemos abordar a sexualidade nas suas múltiplas vertentes, desde os desafios de viver uma sexualidade plena enquanto mulheres e enquanto mães, à forma de educarmos para uma sexualidade equilibrada e segura. 

 

Esperamos trazer-vos, de forma simples e bem humorada, textos informativos sobre este terreno por tantos explorado mas por tão poucos bem cartografado! Poderão ser dicas, reflexões, histórias pessoais e até estudos científicos em linguagem corrente. Na loucura das loucuras, faremos todo o gosto em responder a questões* dos nossos leitores, que se enquadrem neste domínio. 

 

Porque nós aqui, somos mães mais que [im]perfeitas... E como tal, (também) só podíamos falar de sexo!

 

Não percam, já na próxima quinta-feira, A mãe (também) tem sexo!, às 10 da matina!

 

 

 

* Caso tenham alguma questão que gostariam de ver respondida, podem enviar um email para vidaasfatias@gmail.com. 

Header original da Mula com ilustrações de Inslee Haynes e Emily Donald

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