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Mães mais que [im]perfeitas

Mães (Im)Perfeitas - A Catarina

Olá a todos sou a Catarina do blog 4reizinhos e devo dizer que fiquei muito surpreendida com este convite. Surpreendida e confusa. Porque raio me convidaram para uma entrevista sobre mães imperfeitas quando eu sou o cumulo da perfeição. Não concordam? Passem então lá pelo meu cantinho para perceberem a mãe mais que maravilhosa que eu sou. É verdade que sou um pouco distraída, mas até a data ainda não perdi nenhum dos meus pequenos e olhem que com quatro é difícil manter conta de todos. Até à data apenas tivemos incidentes menores. Já deixei o Guilherme fechado fora de casa. Já me esqueci de apertar o cinto da cadeirinha ao Leonardo. Já deixei cair um tacho em cima da cabeça de um dos gémeos... ah...ah...afinal escolheram a pessoa certa.

 

Olá Catarina! Que introdução tão perfeita para uma entrevista deste genéro. :) Conta-nos cá, que qeuremos saber tudo: o que tens aprendido nisto da maternidade?

 

A maternidade é uma aprendizagem constante. Todos os dias surge algo novo que nos ensina algo ou nos faz perceber que outras opções também se aplicam. No meu caso aprendi muito com o mais velho mas aprendi ainda mais com o segundo. Tudo porque percebi que o facto de terem personalidades tão distintas faz com que a minha postura para com eles tenha que ser diferente. Depois vieram os gémeos, numa altura em que pensava que já sabia tudo o que havia a saber no tema da maternidade e percebi que afinal não sabia nada. Continuo a aprender e vou continuar a aprender até ao fim da minha vida.

 

Como gostarias que os teus filhos te recordassem?

 

Não preciso que os meus filhos me recordem a mim como pessoa. O que eu gostaria que eles recordassem sempre é o amor que tive por eles. Gostaria que eles percebessem que todas as decisões que tomei, mesmo aquelas que acham injustas, foram todas tomadas com amor. Espero que um dia possam olhar para trás e dizer que sabem o que é o amor, o que é ser amados, o que é amar alguém.

 

Com 4 miúdos em casa, as birras devem ser uma constante. Ou nem por isso? Como reages quando elas surgem? 

 

Sei que vão pensar que é mentira mas não  temos assim muitas birras. Desde cedo perceberam que quando dizemos não é não e uma birra que não vai mudar nada. Por norma até funcionamos mais ao contrário. Primeiro dizemos não e quando eles mostram que merecem até acabamos por voltar atrás.  Claro que há casos e casos. Existem birras porque estão doentes, birras de sono, birras porque querem chamar a atenção. Como pais temos que perceber qual é o motivo da birra e definir uma estratégia para a sua resolução. Por vezes a solução é a coisa mais simples.

Por norma quando lhes surge uma birra deixo-os chorar, espernear, rebolar. Deixo-os fazer de tudo até se acalmarem. Depois pergunto-lhes que acham que agiram correctamente e mando-os para o quarto pensar no assunto. Para mim é importante que eles percebam o que os levou a fazer a birra para assim não tornarem a fazer o mesmo.

 

Queres destacar alguma gira? 

 

No últimos tempos o Leonardo andava a portar-se mal na piscina quando ia com o pai à segunda-feira. Certo dia perguntou-me se eu ia com ele e quando lhe disse que não respondeu-me que era injusto. Tudo porque eu vou dois dias à piscina com o Guilherme e apenas um com ele. Percebemos então que as birras se deviam ao facto de querer mais tempo comigo. Passei a ir com ele e nunca mais tivemos problemas.

 

Se tivesses que destacar um momento, enquanto mão, qual escolherias? 

Existem tanto, mas tantos… No entanto se pensar bem acho que há um que se destaca um pouco dos outros. Os gémeos nasceram de 33 semanas e tiveram que ficar internados na neonatologia. Custa horrores seres mãe mas não teres os teus filhos ao pé de ti. Não puderes pegar neles, não os puder levar para casa. Custa dormir à noite sabendo que os teus filhos não estão contigo. Passa a noite a pensar se estará tudo bem, se vais receber um telefonema a avisar o pior.

 

 Imagino que o tempo voe em vossa casa. Como o geres? Ou tentas, vá...

 

Cá em casa o tempo tem que ser muito bem gerido. Entre actividades, trabalhos, banhos e jantar não sobra muito tempo. Por sorte tenho um marido fantástico, que para além de ser um bom companheiro é também um pai extremoso. Juntos conseguimos dividir as tarefas, sempre ouvi dizer que é preciso dividir para conquistar, é assim que funcionamos. Por exemplo, eu deixo o Guilherme na bola, levo o Leonardo à piscina e aproveito para fazer aula de ginástica no mesmo horário. O marido fica em casa com o gémeos e trata do jantar. Se vai ele às actividades ficou eu em casa e trato dos pequenos. O marido limpa a casa eu trato das roupas e das refeições. No fundo somos uma equipa e remamos ambos para o mesmo lado. Se não fosse assim não seria possível conciliar tudo.

 

Que dificuldades encontras por teres uma família numerosa? O que há a mudar, na sociedade, nesse sentido? 

 

Se começasse a enumerar  todas dificuldades  ficava aqui o dia todo por isso vou só deixar as mais básicas. Sentimos dificuldade porque temos um pais envelhecido com uma baixa natalidade. O governo fala em apoios à natalidade mas a verdade é que as ajudas são mínimas. As famílias numerosas são até desfavorecidas em muitos sectores. Um exemplo é o numero de dias de assistência à família  a que temos direito. Uma mãe com um filho tem direito a 30 dias de baixa para assistência ao filho.No meu caso tenho direito a 33 dias, 30 dias pelo primeiro filho mais um dia por um dos outros.  Basta um dos rapazes ficar doente para a doença se alojar em casa e percorrer todo o agregado familiar o que resulta que os 33 dias vão imediatamente à vida e o que fazemos da próxima vez que estiverem doentes?

Outra dificuldade que enfrentamos é a discriminação da sociedade. Vivemos numa época de um filho, dois no máximo e quem opta por ter mais do que isso é olhado como lunático. Aparentemente,ninguém no seu perfeito juízo,deve ter mais do que dois filhos. Já perdi a conta às vezes em que me perguntaram se foi um acidente, se não tenho televisão em casa, se já ganhei juizo e vou parar por aqui.

Espero que seja apenas uma fase e que as pessoas aprendam a respeitar as opções de vida das outras pessoas mesmo que não concordem com elas.

 

 Alguma vez te arrependeste de uma decisão/opção? 

 

Nunca me arrependo. Continuo a dizer que se tivesse capacidade financeira tinha mais uns quantos filhos.

 

Que conselho darias a futuros pais? 

 

Ter filhos é a melhor profissão do mundo mas ao mesmo tempo é a mais exigente. Trabalhamos 24 horas por dia durante 365 dias por anos. Preparem-se para amar alguém com um amor que nunca pensaram que pudesse existir. Mas ao mesmo tempo preparem-se para ver os anos fugirem diante dos vosso olhos. Tenham filhos porque querem e não porque é suposto terem. Lembrem-se que depois de serem pais de alguém vão continuar a se-lo até ao fim da vossa vida.

 

Para terminar, peço-te que definas a maternidade numa só palavra e expliques o porquê.

 

Esta é difícil. Acho que a melhor palavra que define a maternidade é amor. Um amor extraordinário que sentimos pelos nossos pequenos. É o orgulho imenso quando vemos o primeiro sorriso. O êxtase com os primeiros passos. O sorriso quando ouvimos a primeira palavra. Porque cada feito e conquista faz crescer o amor que sentimos por eles. 

 

Agradeço à Caracol por se ter lembrado de mim e pelas magnificas questões que me colocou. 

 

Obrigada nós, Catarina, por este fantástico bocadinho. :)

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Header original da Mula com ilustrações de Inslee Haynes e Emily Donald

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