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Mães mais que [im]perfeitas

Let's talk about sex, baby!

Let's talk about sex, baby
Let's talk about you and me
Let's talk about all the good things
And the bad things that may be

 

No longínquo ano de 1990 as Salt-N-Pepa chocam o mundo, ao trazer a lume uma letra focada no discurso sexual. Apesar de, no domínio musical masculino, ser comum a alusão explícita ou implícita ao sexo, este grupo de rappers - mulheres - fala da necessidade de falar do sexo e das coisas boas e más. 

As Salt tinham razão. É preciso falar de sexo.

 

Durante séculos, o sexo foi um tabu. Associado ao pecado original, nas sociedades de tradição moral judaico-cristã, só no século XX vemos uma preocupação credível em estudar o comportamento sexual do homem nos estudos de Masters e Jonhson, ou no conhecido Kinsey Report. 

 

Para as mulheres foi a pílula que nos trouxe a liberdade de dissociar o sexo da reprodução. E isso abriu-nos um mundo de possibilidades que até então nos estavam vedadas. O viver livremente a nossa vida sexual, adiar a maternidade e até o casamento, vivenciando um conjunto de experiências sexuais prévias ao mesmo, são agora apanágio dos nossos dias.

Mas a verdade é que ainda resistimos imenso a falar de sexo. E, se em grupo exclusivamente feminino ou masculino, as conversas podem girar em torno desse domínio privado, a percentagem dos casais que falam abertamente sobre o seu comportamentos sexual e fantasias atinge mínimos históricos: estima-se que entre 12% a 30% (apenas) o façam. 

 

Sendo o sexo uma das muitas formas de comunicação entre um casal, o não falarmos de sexo com o nosso parceiro pode tornar-se um verdadeiro muro emocional, que pode ser preditor de uma má relação na cama. 

Aliás, a expressão sexual do casal é um barómetro do seu nível de comunicação, pelo que sexo e entendimento estão entrelaçados.

Falemos então das vantagens em termos conversas francas, abertas, sobre sexo com o nosso parceiro:

 

1. Estimulação. Ao falarmos sobre sexo, também visualizamos e experimentamos sensações eróticas que nos predispõem ao coito. Especialmente na mulher, permite aumentar a lubrificação, o fluxo de sangue e da temperatura na zona genital, tornando o toque posterior com maior prazer associado.  

2. Construção de fantasias conjuntas. Um imaginário comum, no sexo, permite a que ambos explorem os domínios comuns das suas fantasias, ou até que as projectem de forma conjunta. Encontrar uma linguagem própria, interesses semelhantes ou até conhecer os limites que cada um é capaz de suportar, torna-se essencial para o sucesso da relação sexual.

3. Aumento do grau de intimidade do casal. Falar sobre o sexo, experiências passadas e actuais, aumenta o grau de intimidade do casal, essencial para uma vivência sexual plena em relações a longo prazo.

4. Menos hipóteses de errar. Num mundo em que o orgasmo é medida absoluta da qualidade e se esperam desempenhos dignos de atletas olímpicos, temos que discutir entre nós aquilo que é plausível, atingível e desejável. A verdade é que devemos encarar o sexo do ponto de vista de um processo e não de um resultado apenas. Ainda que o orgasmo seja desejável, há um caminho a percorrer até lá e é mais fácil se for às claras!

5. Planeamento contraceptivo e protecção contra infecções sexualmente transmissíveis. O ónus da contracepção tradicionalmente pertence à mulher. No entanto, essa concepção é ultrapassada e discutir abertamente com o parceiro esses aspectos da vivência sexual poderão conduzir a relações mais prazenteiras para todos.

6. Ajuda a manter a paixão acesa.  Quanto mais falamos sobre algo que nos dá prazer, mais procuraremos realizar essa meta. É uma alavanca para ultrapassar medos, inseguranças, a conhecermo-nos melhor e a conhecermos o nosso parceiro. 

 

E então, vamos falar de sexo?

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Header original da Mula com ilustrações de Inslee Haynes e Emily Donald

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